Então ele – com todo o seu jeito travado de ser – resolve se dar uma chance. Chance de se envolver, chance de conversar, chance de viver a dois. Encontrou em um lugar qualquer uma pessoa que nem ele, desacreditada. Por incrível que pareça, eles se entendiam melhor que qualquer coisa existente. Entre piadinhas e brincadeiras, ele percebeu que tudo o que ele achava sobre pessoas serem superficiais era engano. Nem todas eram assim, ela não era assim. Ela sorria de forma verdadeira, aliás, tudo nela era verdadeiro. O jeito que suas mãos se moviam enquanto ela se esforçava em explicar algo eram reais… até as ruguinhas na testa por estar prestando atenção. E aqueles comentários inteligentes? Esses sim convenciam!
Se seus amigos tivessem visto os dois juntos já teriam acreditado que ele era louco. Ela era totalmente longe do padrão, mas talvez fosse por isso que ele a achasse tão atrativa e interessante. Em um momento cheio de empatia e admiração, ele disse:
“Nossa, mas como você é linda!”.
A resposta veio quase que automática:
“Eu não sou lin…”.
“Shhhhhh, só pense nisto”.
Era o que ele precisava dizer antes de ir embora e se prometer que teria que ver ela de novo.
Ela – que acreditava que beleza servia só para atrapalhar as coisas – nunca tinha ouvido um “como você é linda” de alguém. Sempre achou que vaidade tirava as pessoas da razão e que era uma grande perda de tempo. Como mulher, ela não se sentia mulher. Achava que era aquele “meio termo” que passa despercebido nas multidões, já que pelos padrões ela seria um nada. Como que uma mulher poderia ser bonita com um corpo daqueles e aquele jeito descuidado? Poderia sim, e ela era (da sua forma).
Na realidade, ela não sabia de nada sobre si. Não se conhecia como pessoa, como mulher, como ser humano. Achava que era só mais uma e não se importava consigo mesma. O fato de ele ter dito aquelas palavras a fez pensar que ele estava de brincadeira… como ela poderia ser mesmo linda?
Foi observando a natureza que ela viu o que deveria ter entendido há muito tempo. Nem todas as plantas são iguais, mas o fato de elas serem diferentes não as tornam menos bonitas. Enquanto um acha que Cerejeiras são as árvores mais lindas, tem outros que preferem Acácias. Ou Pinheiros. Ou Eucaliptos. Todas lindas da sua forma. Flores são lindas, mas nem por isso são mais importantes que nenhuma outra planta.
Em um dia aleatório, eles se reencontraram no mesmo lugar. Ela sorriu e disse:
“Obrigada pelo elogio da última vez”.
E ele – com a cara de quem ganhou na loteria – não sabia o que responder. Ele a abençoou com o poder da auto-estima, ela em compensação descobriu si mesma, mesmo sem mudar seu jeito de ser. Como trens eles foram indo e vindo, mas a estação que os uniu nunca foi esquecida.
Muito prazerosa a leitura deste post! Parabéns, Bruna! 😉
Mil beijoss,
http://www.blogdabarabaraalves.com
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Barbara querida, obrigada! 😀
Super beijo pra ti, volte sempre!
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Awn que lindo, amei. Parabéns pelas palavras bem colocadas e pelo contexto, dificilmente se falam de padrões com tanta delicadeza e carinho pelos personagens. Beijos
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Que bom que você gostou, fico feliz!!
A delicadeza está na simplicidade deles, nenhum dos dois se importa muito com isso… Seria bom se todos tratassem esse assunto com mais naturalidade, assim parece que estamos no meio de uma corrida onde o vencedor é o mais belo. Ninguém se importa se pular regras se o resultado final for a perfeição. Acredito que seria melhor se todos se aceitassem como são e se achassem bonitos desta forma.
Super beijo!
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Bruna, que lindo texto! Parabéns!
hUg!
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Querido, obrigada pelo elogio!
Beijão!
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Uau! Me vi muito em teu texto.
Ficou demais!
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Iria dizer que ganhei meu dia com o seu elogio, mas acho que posso dizer que ganhei o mês inteiro!
Admiro muito o que você escreve Henrique, a meta da minha vida é encontrar uma pessoa que me descreva assim como nos seus posts… acho que já comentei umas mil vezes isso Hahahaha
Super beijo e obrigada 😀
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Quanta queridice num comentário só!
Obrigado, de verdade! Também adoro teus escritos 😉
E acho melhor não desejar um “Henrique”, vai que apareça mesmo hahahaha
Beijos!
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Nossa QP, me arrepiei! Que texto incrível, parabéns.
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Um elogio desses vindo de ti QP, me dá muito orgulho!!
Obrigada, mesmo mesmo…
Beijão, saudades!
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Adorável esse seu texto. Bem real e verdadeiro =)
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Fico feliz que gostou Milca! Beijo.
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Nossa, perfeito isso… Me sinto um pouco como “ela”, algo parecido aconteceu (e acontece) comigo. Não tem preço termos alguém no mundo que nos aceita e nos acha linda, justamente por sermos diferentes do padrão imposto pelo mundo, nos dando uma nova perspectiva (correta, por sinal!) de que nossa beleza está justamente em acertarmos e investirmos em quem nós somos, do jeito que Deus nos criou!
Adorei!!
Bjuss
http://mulherpequena.wordpress.com
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Obrigada pelo elogio Mari!
Foi pensando no fato de que eu me arrumo pouco que eu pensei em escrever isso. Sei que existem muitas mulheres por aí que queriam achar um homem que as aceitasse, até eu quero o meu ainda… Beleza não é em questão física, beleza é tudo o que é real e está por trás da “casca”. Tem pessoas lindas que são horríveis e pessoas humanas que são maravilhosas. Se todos se aceitassem primeiro, acho que nossa geração daria um passo para a frente.
Super beijo!
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Com certeza, e fico feliz que nós, mulheres, estamos iniciando isso, ao invés de apenas aceitarmos, ou pior, nos sujeitarmos, a essas exigências ridículas e machistas que a sociedade nos impõe!
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Que lindo Bruna, como um simples elogio muda a forma de pensar ou agir das pessoas não é mesmo? Para ela se encontrar bastou receber um elogio de uma pessoa querida, e é assim também no mundo real! Adorei o texto. Beijos.
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Paloma querida, é a verdade nas palavras dele que fez ela entender que poderia ser linda, mesmo não se impondo ao “padrão”. Ela não se aceitava como era, se diminuía… No momento que ela se viu como mulher, não tinha um motivo real para tentar ser diferente! Acho que esse recado seria bom que várias mulheres que se esqueceram, lessem. Ah como que eu iria gostar que todos se assumissem como são!
Beijão!
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Republicou isso em Talvez um dia.
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